Dia Mundial da Saúde Mental: retome sua vida com equilíbrio

Hora de libertar-se dos impactos da pandemia. Paralisia, tristeza, ansiedade. Entender que você não tem o controle é o primeiro passo

Foi em 1992 que a Federação Mundial de Saúde Mental instituiu o 10 de outubro como o Dia da Saúde Mental. De fato, quase três décadas se passaram e jamais esta data foi tão providencial. Segundo pesquisa do instituto Ipsos, encomendada pelo Fórum Econômico Mundial, 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou um pouco ou muito no último ano, devido à pandemia. Essa porcentagem só é maior em quatro países: Itália (54%), Hungria (56%), Chile (56%) e Turquia (61%). Em março do ano passado, 41% dos brasileiros relatavam ter sintomas como ansiedade, insônia ou depressão.

“Todo esse cenário nos fragilizou. Pessoas sem histórico de transtornos sendo acometidas por ataques de pânico e ansiedade. Quem já tinha algum tipo de doença psiquiátrica precisou de um suporte maior. Difícil ficar indiferente a tudo que ainda estamos passando”, afirma a psicóloga Flávia Teixeira, Mestre em Saúde Coletiva pela UFRJ e pós-graduada em Psicossomática Contemporânea.

Segundo Danielle H. Admoni, psiquiatra na Escola Paulista de Medicina UNIFESP e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), o estresse, associado a outros fatores, como risco de doenças, problemas econômicos, confinamento ou abuso de álcool e solidão; funciona como estímulo ao sistema nervoso central, que pode não reagir adequadamente e desencadear sintomas de depressão ou de transtornos de ansiedade.

Confira cinco dicas para a retomada:

Entenda o que você pode e o que não pode controlar

Durante a pandemia, as pessoas sentiram que perderam o controle sobre suas vidas. “Há decisões que não precisam ser tomadas com sofrimento, como voltar a trabalhar na empresa ou continuar em home office”, diz a psicóloga Flávia Teixeira.

“No entanto, às vezes é necessário simplesmente reconhecer que há situações na vida que não podemos controlar. Se você está com dificuldade em aceitar esta realidade, há formas de lidar com suas preocupações. Escreva em um caderno o que vem à mente, como se fosse um diário.

Isso torna seu pensamento mais lento, focado e eficiente, trazendo novas perspectivas e maior clareza para assimilar determinadas questões”, reflete Stella Azulay, Educadora Parental pela Positive Discipline Association, especialista em Análise de Perfil e Neurociência Comportamental.

Continue se reinventando

Provavelmente, nunca fomos tão criativos como na quarentena! Haja imaginação para lidar com trabalho, filhos, estudos e afazeres domésticos! Se você passou no teste, por que não continuar a se reinventar?

“Poucas pessoas têm consciência que, para uma boa saúde mental, é preciso buscar atividades que proporcionem prazer e bem-estar. Portanto, se você descobriu algo interessante na quarentena que até te fez esquecer da pandemia por alguns instantes, não pare de praticar. Seja individual ou com alguém, realizar novas atividades mantém sua mente ativa e saudável. E isso é tudo o que você precisa neste momento”, pontua Danielle Admoni.

Evite a automedicação e mantenha a terapia

“Tomar antidepressivos ou ansiolíticos sem acompanhamento e, pior, mudar a dose ou interromper o uso sem orientação, é uma atitude irresponsável e perigosa”, afirma o psiquiatra Adiel Rios.

Segundo ele, é preciso ficar atento a sintomas como tristeza profunda e contínua, apatia, desânimo, perda do interesse pelas atividades que gostava de fazer, pensamento negativo (ideias de fracasso, incapacidade, culpa, pensamentos de morte), alterações do sono e do apetite. “O tratamento pode envolver o uso de psicofármacos, associados à psicoterapia”.

Não faça do álcool a sua válvula de escape

Na quarentena, muitas pessoas se voltaram para seus métodos habituais de lidar com o estresse e a solidão, como o consumo de álcool e drogas. “Se continuar com este hábito, terá uma conta alta em breve, aumentando ansiedade, ataques de pânico e outros sintomas psiquiátricos. Pior: o impacto cerebral deste uso abusivo pode perdurar por muito tempo, mesmo quando acabar a pandemia”, alerta a psiquiatra Danielle Admoni.

Respeite a sua retomada

“Se você é uma delas, seja qual for o seu medo, não se sinta pressionado a nada. Cada um tem seu próprio ritmo. Só não permita que este medo te domine e te impeça de retomar sua vida. Se chegar a este ponto, será preciso buscar ajuda de um médico especialista”, aconselha Cristiane Romano, Mestre e Doutora em Ciências e Expressividade pela USP.

Enquanto isso, volte à rotina em casa. Não troque o dia pela noite. “Isso resulta em uma extrema exaustão, pois o organismo, que já está habituado com um determinado padrão de sono, sofre um forte impacto, precisando de tempo e resistência para se adequar às mudanças. Sendo assim, quanto mais você praticar a rotina em casa, mais fácil será para retomar suas atividades de forma leve, natural, espontânea e sem traumas”, finaliza Adiel Rios.

Fonte: https://gpslifetime.com.br/

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