Felipe Neto diz ter feito compras para 'afogar mágoas': consumo realmente alivia tristeza? Especialistas explicam
Depois de terminar o namoro de cinco anos com a influenciadora Bruna Gomes, Felipe Neto revelou que foi ao shopping fazer compras para "afogar as mágoas". E deu ainda um spoiler aos seguidores: "Não me senti melhor", escreveu. O sentimento, que acometeu o youtuber, não é exclusividade dele, especialistas explicam. Mas é preciso ficar alerta para que essa situação não desencadeie para atitudes compulsivas, desenvolvendo a chamada oniomania.
— Quando conseguimos comprar algo, há liberação de neurotransmissores que proporcionam sensação de prazer e bem-estar. O sentimento é normal, desde que esteja dentro de um contexto mínimo de realidade — afirma Adiel Rios, pesquisador no Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Mas as compras não aliviam a tristeza.
— Não alivia porque não estamos dando o remédio certo. É aquela famosa fantasia de achar que uma atitude pode tamponar um sentimento. Comprar, comer, beber… são ações que não aliviam a tristeza. Logo depois da compra, a sensação de tristeza retorna — alerta a psicóloga Fabiane de Faria.
Segundo Danielle H. Admoni, psiquiatra na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), pessoas que se encaixam nesse perfil compram compulsivamente produtos inúteis, repetidos e que nunca serão usados e são vítimas de um círculo vicioso.
— A pessoa percebe que não deveria ter comprado, se sente frustrada e acaba querendo comprar mais para compensar aquela sensação de frustração — explica a médica.
Mulheres representam a maioria dos que sofrem com a oniomania. A psiquiatra Admoni afirma ainda que essas pessoas só percebem que estão perdendo o controle sobre as compras quando começam a se endividar, estourar o cartão de crédito e esconder das pessoas com quem dividem a casa os itens adquiridos em excesso. Entretanto, não é preciso esperar a falta de dinheiro no banco para acender o alerta.
— A oniomania é diagnosticada quando o comprar é compulsivo. O que excita a pessoa é o ato de comprar e não a compra. Tanto que a pessoa não precisa se endividar para ser diagnosticado com esse distúrbio. Podem ser objetos pequenos e de pequeno valor. O que está em foco é sempre o ato de comprar — diz Faria.
A condição tem tratamento.
— Normalmente indicamos a psicoterapia para que a pessoa entenda os motivos que a levam a gastar compulsivamente. Em alguns casos, quando observamos que a oniomania está associada a um quadro depressivo, por exemplo, pode ser necessário o uso de medicação — esclarece Admoni.
E não é preciso esperar virar transtorno para se cuidar.
— A melhor forma de superar a tristeza é buscar atitudes saudáveis que te fazem bem. Estar em família, com amigos, praticar exercícios. Ações que consigam deixar a sua cabeça desligada dessa sensação e permitir que ela se reconecte de outra forma — sugere Faria.
Os sinais de oniomania
Descontrole financeiro
A pessoa começa a comprar além do que pode pagar, gerando um descontrole financeiro e consequentemente um endividamento. Essa situação leva a mais frustração e vontade de fazer novas compras.
Compras às escondidas
Esconder as compras realizadas passa a ser um hábito, já que a pessoa sabe que os demais a sua volta a criticarão por ter adquirido itens sem necessidade.
Peças repetidas, esquecidas ou nunca usadas
A pessoa chega a comprar roupas ou sapatos sem sequer experimentar. E, muitas vezes, itens praticamente iguais, pois nem se lembra do que tem no armário, já que a maioria das peças, muitas ainda com as etiquetas, nunca foram usadas.
Abstinência
Irritabilidade, extrema ansiedade e oscilações de humor. Essas são algumas das manifestações clínicas durante os longos períodos sem consumo. Os sintomas decorrentes da abstinência podem ser similares aos da dependência do uso de substâncias químicas, ocasionando desespero, perda de autoestima, sintomas de humor deprimido e ansiedade.
Sensação de culpa após uma compra
Como em outros transtornos, após efetuar uma compra e vivenciar a sensação de prazer, vem depois o sentimento de culpa e sofrimento. Quando acaba aquele bem-estar, ocorre uma sensação de impotência diante do descontrole da compra. Logo, surge o ciclo de “prazer-luto”, sendo consequência da visão distorcida sobre a finalidade do consumo em nossas vidas.
Fonte: https://extra.globo.com/